As implicações sociais da meditação

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Uma moeda ou um sorriso

A meditação está associada a uma série de benefícios à saúde, incluindo uma melhor saúde mental, melhor cognição funcional, e até mesmo a um aumento da massa cinzenta no cérebro.

No entanto, as implicações sociais da meditação nunca foram estudadas cientificamente. “Sabemos que a meditação melhora o bem-estar físico e psicológico”, disse Paul Condon, um estudante de pós-graduação no laboratório de David DeSteno, investigador principal. “Queríamos saber se a meditação realmente favorece o comportamento compassivo.”

Em um novo estudo conduzido por Condon, a equipe DeSteno mostrou que mesmo um breve período de treinamento de meditação é de fato suficiente para incrementar em quase quatro vezes a atitude compassiva para com um estranho em sofrimento. Os resultados serão em breve publicados na revista Psychological Science.

Com financiamento do Mind and Life Institute, a equipe do DeSteno recrutou mais de trinta de pessoas interessadas em seguir um treinamento em meditação. Metade deles foram designados a uma lista de espera, enquanto a outra metade participou de um treinamento de oito semanas com um lama budista. O grupo de meditação foi dividido em dois: As técnicas para acalmar e focar a mente foram ensinadas a todos, mas apenas metade foi envolvida em discussões sobre compaixão e sofrimento.

Ao final da sessão de oito semanas, os participantes foram convidados a realizar testes cognitivos no laboratório, mas na verdade o estudo foi feito na sala de espera. Esta era a configuração: Quando o participante chegava na sala, encontrava três lugares, dois deles ocupados, e se sentava no banco livre. Então, chegava uma pessoa em muletas que parecia estar sentindo muita dor.

As outras duas pessoas na sala, que eram atores contratados para o estudo, pegavam seus telefones celulares e deliberadamente evitavam contato visual com o inválido em sofrimento (que também é ator). Eles não ofereciam seu lugar. Isto, disse DeSteno, é chamado de efeito observado. “Se há outras pessoas ao redor que não estão ajudando, os outros também não oferecem ajuda”, explicou, apontando uma pressão social para não ajudar.

O estudo mostrou que cerca de 15% dos não meditadores – o grupo em lista de espera – levantaram-se e ofereceram seu lugar para o doente, comparado a 50% das pessoas em ambos os grupos de meditação, aqueles que se envolveram em discussões sobre compaixão e aqueles que só participaram do treinamento de meditação. Os resultados sugerem que era a meditação em si, e não as discussões, contribuíram para o aumento observado.

Agora, a equipe de DeSteno prosseguirá a investigação sobre os mecanismos por trás do fenômeno observado. Pode estar relacionado, por exemplo, a uma maior consciência do ambiente um ou uma maior empatia. “Esta é a primeira evidência de que a prática da meditação, mesmo por breves períodos de tempo, aumenta a capacidade de resposta e a motivação para aliviar o sofrimento dos outros”, disse DeSteno.

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