Meditação e Emoções Difíceis

Sharon Salzberg

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Já ouvi muitas explicações sensacionais sobre meditação de atenção plena. A escritora e professora Sylvia Boorstein chama de “atenção desperta àquilo que está acontecendo dentro e fora de nós que nos permite dar respostas a partir de um lugar de sabedoria”. O mestre Zen vietnamita Thich Nhat Hanh diz, “eu gosto de definir a atenção plena como sendo uma energia que nos ajuda a estarmos 100% presentes. É a energia da nossa verdadeira presença”. Mas a minha definição vem de um aluno de quinta série de uma escola na Califórnia.

Em 2007, a escola iniciou um programa piloto que oferecia às crianças cinco semanas de treinamento em atenção plena, com um instrutor que visitava cada sala duas vezes por semana, conduzindo sessões de 15 minutos sobre como manter “respirações suaves e corpos tranquilos”. Os alunos treinavam a atenção focando a respiração e observando as emoções que surgiam. O instrutor pedia que cultivassem a compaixão refletindo – “esperando um momento” – antes de atacar alguém no recreio. “Eu estava perdendo o jogo de baseball e estava a ponto de atirar  bastão’, contou um garoto, de acordo com o New York Times. “A meditação realmente me ajudou”.

O reporter perguntou a um outro garoto que participava do programa para descrever a meditação de atenção plena. É  “não socar a boca do outro”, disse o garoto.

Sua resposta é sábia, ampla e profunda. Ilustra um dos mais importantes usos da meditação de atenção plena: nos ajudar a lidar com emoções difíceis. Sugere a possibilidade de encontrar um intervalo entre um evento gatilho e a nossa resposta condicionada usual, e usar essa pausa para nos recompor e modificar nossa resposta. E demonstra que podemos aprender a fazer escolhas melhores.

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A meditação nos ajuda a observar os nossos pensamentos, ver como um pensamento leva ao outro, observar se estamos seguindo numa direção não saudável e, se for assim, soltar e mudar de direção.  Nos permite ver que somos muito mais do que um pensamento raivoso, ciumento ou medroso. Podemos repousar na consciência desse pensamento, na compaixão que dedicamos a nós mesmos se o pensamento nos deixar desconfortáveis e no equilíbrio e bom senso que criamos ao decidirmos como lidar com os pensamentos.

Trecho do Capítulo Mindfulness and Difficult Emotions, Sharon Salzberg,  do livro Working with Emotions – Tricycle