Reconectados – A Cognição na Era Digital

~ Eric Jaffe

EQ rewire

Wlliam James não poderia ter imaginado um meio tão poderoso e penetrante quanto a Internet. O que ele de fato parecia saber, com uma clareza extraordinária para o seu tempo, era como a tecnologia da informação pode influenciar a cognição e o comportamento. Em sua obra The Principles of Psychology, 1890, James reconheceu que o nosso tecido nervoso possuía um “extraordinário grau de plasticidade” – ou seja, os estímulos externos podem alterar a própria estrutura do cérebro. Quando “agentes externos” inundam as nossas vias sensoriais e atingem o cérebro, eles deixam “caminhos que não desaparecem facilmente”, escreveu James. Em linha com o prognóstico de James, estudos recentes têm mostrado que o perfil cognitivo dos usuários de computador diferem do perfil dos que não são usuários.

James também entendia as desvantagens de uma atenção dispersa. Muito antes de as pessoas poderem navegar na Web enquanto escrevem mensagens de texto para um amigo, entre um e-mail e outro, James compreendeu os perigos de lidar com muitas tarefas cognitivas ao mesmo tempo. O número de “processos de concepção” em as pessoas podem se envolver ao mesmo tempo “não é facilmente mais de um, a não ser que os processos sejam muito habituais”, escreveu James em The Principles of Psychology. De fato, a pesquisa comportamental básica confirma que a multi-tarefa traz um grande custo cognitivo, e estudos feitos em situações reais demonstraram essas limitações em ação.

E, um século antes do advento do Google, James já havia entendido que a memorização de dados tem os seus limites naturais. Ser capaz de recordar um conhecimento quando necessário é ótimo, disse ele em Talks to Teachers on Psychology, mas a maior parte da educação consiste em aprender “onde podemos recuperá-lo”. Na verdade, disse James, o que distingue um advogado de um leigo não é tanto as informações armazenadas em sua cabeça, mas a capacidade de localizá-las externamente em um curto espaço de tempo. Certamente, a nova ciência comportamental sugere que as pessoas são hábeis em lembrar onde acessar informações no computador, mesmo quando o próprio fato lhes escapa.

Em suma, William James sabia ontem aquilo que um crescente corpo de pesquisa psicológica continua a revelar hoje: a de que a tecnologia pode mudar o nosso cérebro e, com isso, o nosso comportamento.

Artigo Original

Tradução livre de Jeanne Pilli