Investigando a mente em primeira pessoa
“No contexto mais amplo da ciência e do conhecimento acadêmico, nós, no Ocidente, somos propensos à visão muito restrita, preconceituosa e, essencialmente não científica, do potencial da mente para observações objetivas. Consideramos que os cinco sentidos externos, com as suas extensões por meio de instrumentos de tecnologia, nos fornecem informações “objetivas”, enquanto a mente, voltada para dentro, é considerada “subjetiva” demais para fornecer dados confiáveis sobre o que quer que esteja observando. De acordo com este ponto de vista, o empirismo – a exploração da realidade por meio da observação e da experiência (em oposição à confiança no dogmatismo ou racionalismo puro) – deve ser focado no mundo físico e não pode ser aplicado à mente, que é responsável apenas por pensar e lembrar. Mas a mente faz muito mais. Ao observar sua mente em meditação, você não está simplesmente se lembrando de algo do passado: você está observando os eventos mentais no presente. Além disso, você é capaz de dizer, a cada momento, se sua mente está agitada ou calma, se está interessada ou entediada, feliz, triste, ou indiferente. Você sabe disso por meio de observação direta, não indiretamente com seus cinco sentidos físicos. Mas, infelizmente, na tradição ocidental moderna, tal introspecção tem sido marginalizada, limitando a exploração científica.
Temos seis modos de observação, e apenas um deles, a percepção mental, possibilita acesso direto a eventos mentais. Os cientistas do cérebro podem acessá-los indiretamente, encontrando correlações neurais com estados e processos mentais, e os psicólogos comportamentais podem estudá-los indiretamente pela observação das relações mente-comportamento. Mas o único acesso direto aos eventos mentais é por meio da percepção mental. Este é um ponto importante, embora geralmente ignorado em nossa civilização – a percepção mental também tem validade empírica.
Alan Wallace, Genuine Happiness