O Alto Preço do Materialismo

Olhar para aquilo pelo quê trabalhamos e aquilo que desejamos – e portanto ao que dedicamos tempo e recursos – nos dá algum insight sobre as nossas prioridades. E nossas prioridades muitas vezes se baseiam em premissas que nem sempre desafiamos, não é mesmo?

Longe de ser apenas um apelo ativista contra o consumismo, contemplar os efeitos do materialismo é um tema diretamente relacionado ao equilíbrio emocional e ao bem-estar, mais especificamente ligado ao equilíbrio conativo.

“O termo conação se refere às nossas faculdades de desejo e vontade. O equilíbrio conativo, um elemento crucial da saúde mental, se expressa quando os nossos desejos nos conduzem à felicidade, nossa e dos outros”, como explica o Prof Alan Wallace em seu livro “A Revolução da Atenção“.

Kasser

“Um dos livros mais notáveis publicados sobre este assunto é “The High Price of Materialism” do psicólogo Tim Kasser”, diz o Professor Alan Wallace em “Genuine Happiness“.

Kasser descreve detalhadamente as nossas necessidades psicológicas, que motivam nosso comportamento, dentro destes grupos: segurança, proteção e sustento; competência, eficácia e auto-estima; conexão com outras pessoas; e autonomia e autenticidade.

A partir disso, Kasser explica como os valores materialistas nos levam a um estilo de vida e a uma forma de experienciá-la que falham em satisfazer nossas necessidades e em trazer significado e qualidade à nossa vida.

“O problema dos valores materialistas é que, uma vez incorporados ao nosso sistema de valores, tornam-se o ideal pelo qual lutamos e mensuramos nossa competência e o nosso próprio valor. Como resultado, estamos constantemente nos avaliando com base em parâmetros cada vez mais inatingíveis e nos tornamos cada vez mais insatisfeitos com o que conquistamos.”

Aqui neste vídeo, traduzido por Bruno Bártulitch – a quem agradeço profundamente – é  possível ter uma boa ideia dos resultados do trabalho de Kasser:

Contemplar todos esses pontos pode ser também fundamental para todas as nossas relações.

A fixação a aquisição material não apenas mina a nossa felicidade como também distorce a forma como nos relacionamos com as outras pessoas. Kasser comenta a esse respeito: “quando as pessoas colocam grande ênfase em consumir e comprar, ganhar e gastar, pensar no valor monetário das coisas, e pensar em coisas durante grande parte do tempo, podem mais facilmente começar a tratar pessoas como coisas”.