• Homem ao mar!

    Compaixão, pena e empatia. Será que é tudo a mesma coisa? Para explicar que não, o Professor Alan Wallace empresta uma metáfora perfeita de Matthieu Ricard,  “o homem mais feliz do mundo”. Imagine que você está em um navio, em alto-mar, e um homem, que está a bordo e que não sabe nadar, cai do barco. Logicamente, o que você sente, em primeiro lugar, é uma tristeza e um desespero profundo. O barco, por alguma razão não pode retornar e, portanto, o pobre homem vai morrer afogado. Tristeza! Você é um exímio nadador e pensa em pular no mar para salvar o homem. Mas como? Nadar para onde? Morreriam os…

  • Reencontrando

    “Encontre uma posição confortável, relaxe profundamente e procure manter o foco da sua atenção nos movimentos relacionados à entrada e à saída do ar” Instrução simples, não é? E ainda assim, rapidamente descobrimos que somos capazes de seguir essa instrução bem simples por não muito mais do que… 3 segundos! E então começamos a compreender que a nossa prática mesmo será trazer a nossa mente de volta pra casa vez após vez, durante o tempo que durar a nossa sessão. O segredo será fazer isso com delicadeza, com gentileza e com alegria – com a alegria de quem reencontra seu cachorrinho que havia se perdido! Nós não iremos bater no…

  • De volta

    Cinco semanas… Há cinco semanas que nada acontece neste blog. Mas a causa é mais do que boa! Durante estas últimas semanas, me dediquei exclusivamente às práticas e aos estudos da formação no Programa Cultivating Emotional Balance, com a Dra Eve Ekman e com o Prof Alan Wallace. Uma preciosidade! Veja aqui o Prof Alan Wallace explicando os fundamentos do Programa: http://www.youtube.com/watch?v=wEgSMo3zcME O Cultivating Emotional Balance foi lindamente estruturado com base nos “Quatro Equilíbrios”: o Equilíbrio Conativo, que trata da nossa visão de mundo, das nossas motivações e prioridades o Equilíbrio da Atenção, que inclui propriamente as práticas de meditação o Equilíbrio Cognitivo, que trata da forma como percebemos o que se…

  • Impedimentos Históricos para o Surgimento de uma Ciência da Consciência no Ocidente

    ~ B. Alan Wallace Excerto de “Ciência Contemplativa. Onde o Budismo e a Neurociência se Encontram”   Volto-me em primeiro lugar para as duas raízes da civilização ocidental: as tradições greco-romana e judeu-cristã. Um fator fundamental para o surgi­mento de uma nova ciência é o desenvolvimento de instrumentos refinados para observar e fazer experimentos com os fenômenos que estão sendo in­vestigados. O uso do telescópio por Galileu para observar o Sol, a Lua e os planetas exerceu um papel crucial para o surgimento da ciência da astronomia. O uso do microscópio por Van Leeuwenhoek para observar formas microscópicas de vida foi igualmente crucial para o surgimento da biologia moderna. Por…

  • Instruções para Meditação – Alan Wallace

    ~ Alan Wallace Relaxamento Há duas posturas que eu recomendaria para esta prática: sentado ou deitado. Em geral, a postura melhor e mais recomendada é sentado sobre uma almofada, de pernas cruzadas. Se esta postura for muito desconfortável, você pode se sentar em uma cadeira, com os pés apoiados no chão. Uma outra postura menos utilizada é deitado de costas, com os braços estendidos ao lado do corpo, com as palmas para cima, e a cabeça apoiada em um travesseiro. Esta postura é especialmente útil se estiver com algum problema nas costas ou fisicamente cansado ou doente. Qualquer que seja a postura que você adotar, deixe seu corpo repousar à…

  • A suposta realidade

    “Pelo menos desde o tempo de Descartes, os cientistas reconhecem a natureza subjetiva do mundo dos sentidos e têm procurado compreender o mundo físico real, uma vez que ele existe independentemente dos nossos sentidos. O que vem à mente quando você tenta conceber o universo como se ele realmente existisse “lá fora”? Pense, por exemplo, em um átomo. Você provavelmente vai imaginar um pequeno núcleo com elétrons circulando ao redor, dentro de um domínio muito maior de espaço vazio. Se você pensar no núcleo, poderá imaginar prótons e nêutrons. Se você conhecer um pouco mais de física, poderá imaginar partículas ainda menores, como os quarks. Você adquiriu essas imagens mentais…

  • As pequenas alegrias da vida

    “Pessoas que, de forma geral, são felizes, que mantêm um sentimento de bom humor, de ânimo e de bem-estar, são aquelas que encontram muitas pequenas coisas ao longo do dia com as quais se alegrar. Por outro lado, episódios ocasionais de experiências drasticamente positivas, como ganhar na loteria ou alcançar um objetivo muito importante, como ter sucesso em um grande investimento, têm pouco impacto sobre a sensação geral de bem-estar das pessoas. Assim, cultivar a alegria empática pode, de fato, pouco a pouco, inundar sua vida de felicidade.” Alan Wallace – Genuine Happiness

  • O que há de mais natural em todos nós

    Em seu livro “A Arte da Felicidade”, o Dalai Lama define compaixão como “um estado de mente que é não violento, que não fere e não agride. É uma atitude mental baseada no desejo de que os outros se livrem de seu sofrimento, e está associada a uma sensação de compromisso, responsabilidade e respeito para com o outro”. Ela surge a partir de um sentimento chamado em tibetano de tsewa, para o qual a tradução mais aproximada seria simplesmente “cuidado sincero”, que o Dalai Lama considera a mais fundamental das emoções humanas. Quando a compaixão inunda os nossos corações, não podemos suportar o sofrimento dos outros, porque sentimos como se…

  • Refinando a percepção da realidade

    “Nosso objetivo é cultivar o equilíbrio cognitivo, um termo especial para algo que é muito comum. Equilíbrio cognitivo é a ausência de deficit e de hiperatividade da cognição. O deficit cognitivo ocorre quando não notamos algo que é claramente apresentado a nós. Por exemplo, podemos olhar diretamente para o rosto de uma pessoa mas, por estarmos tão submersos em nossos próprios pensamentos, somos incapazes de notar suas expressões, tom de voz e seu estado emocional. Na hiperatividade cognitiva, lembramos de coisas que nunca aconteceram, ou vemos coisas que são totalmente projetadas. Nós sobrepomos conceitos sobre a realidade e os confundimos com aquilo que está sendo apresentado. Diferenciar claramente o que…

  • Investigando a mente em primeira pessoa

    “No contexto mais amplo da ciência e do conhecimento acadêmico, nós, no Ocidente, somos propensos à visão muito restrita, preconceituosa e, essencialmente não científica, do potencial da mente para observações objetivas. Consideramos que os cinco sentidos externos, com as suas extensões por meio de instrumentos de tecnologia, nos fornecem informações “objetivas”, enquanto a mente, voltada para dentro, é considerada “subjetiva” demais para fornecer dados confiáveis sobre o que quer que esteja observando. De acordo com este ponto de vista, o empirismo – a exploração da realidade por meio da observação e da experiência (em oposição à confiança no dogmatismo ou racionalismo puro) – deve ser focado no mundo físico e…